domingo, 17 de outubro de 2010

Por que Torcer Para o Botafogo?


Quem não gostar de futebol que me perdoe, mas, sinceramente, acredito que um homem só se começa a entender por gente no momento em que escolhe o time do seu coração, por quem vai torcer e se apaixonar pelo resto da vida.
E time do coração é que nem neurônio de cartola, so tem um, e quem disser que tem mais de um time do coração não tem nenhum. O meu time, por exemplo, e desculpe-me esse ar alvinegramente superior, chama-se Botafogo de Futebol e Regatas.
Sim, ele mesmo, o popularíssimo Glorioso, o outrora quase imbatível esquadrão que ostenta como bandeira a mais bela Estrela Solitária.
Por uma singular coincidência, o Botafogo trata-se,no meu caso, de uma paixão genética, congênita, herdada de meu pai, no mesmo dia em que ganhei minha primeira bola de couro, uma lembrança que ficou grudada na outra como o prazer no corpo de uma mulher.
Dizia Nélson Rodrigues ser o torcedor do Botafogo um masoquista do ludopédio, porque quanto mais o time apanha, dele se gosta mais. Garanto que não. Torcer pela onzena de General Severiano é, muito pelo contrário, um irrefutável atestado de sanidade mental. Não temos culpa dos outros torcedores de outros clubes serem doentes.
Se me perguntarem por que torço Botafogo, a priori direi que minha precoce escola se deve a três razões irrefutáveis: à sábia influência do autor dos meus dias, à estrela ostentada feito um ícone e ao mais genial marqueteiro botafoguense,Garrincha, a alegria do povo, o sublime anjo das pernas tortas.


Para a infinita saudade de todos nós que amamos o futebol, nunca mais haverá um Garrincha pelas faces dos estádios, iluminando os gramados do mundo com inefável beleza.
Nunca mais haverá outro Garrincha e sua alma de passarinho, só sua arte persiste, intacta na memória dos que o viram jogar, fazendo drible a indescritível poesia que nenhum poeta jamais escreverá.
Para mim, o Botafogo é assim uma unção, uma benção, uma manhã de carnaval ou uma tarde quarta-feira de cinzas, e amo meu time, quer saia de campo aureolado de vitórias ou com o roto manto das derrotas.
Claro que quando perde, por vezes o odeio fervorosamnte por uns bons cinco minutos, feitos essas rusgas inebriantes que se tem quando se está apaixonado.
Torcer pelo Botafogo não é para qualquer um. Exige uma mansidão de monge tibetano, uma paciência de Jó, a clarividência de um místico, o estoicismo de um profeta e a sensibilidade de poeta.
O autor do texto é Airton de Farias, Historiador e professor no Ceará. Autor de livros do ensino médio, Airton herdou o amor ao Glorioso de seu pai.

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